segunda-feira, novembro 10, 2014

Ao som de Vai

Você me pede e eu vou.

Vou, mas levo os livros que não recebo,
 os beijos que não ganho, teu cheiro que não sinto,
 devolvo as cartas que não leio. 
 Vou, não deixo nada para trás, liberto-me de tudo, ou minto, ou na verdade omito, guardo teus olhos para se pretenderes voltar e plantar tua casa aqui.

Vou, pois não fui tua morada, teu porto, o ponto, 
fui estrada, 
fui folha de outono e chuva de verão, 
fui tempo de aflição,
 já você foi meu tempo real. 

Moreno, sereno te gostando vou, 
Em teu mapa já não se escreve eu  
E o tempo me leva, 
e eu viro pó, poeira, viro nada, só, me viro e voo.

Mas o vento que me voa espalhará meu perfume de flor pelos ares que te circundam, e quando te 
alcançares, serei em você uma marca,
que não lava, não seca só fica e é lembrada enquanto eu vou! 



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