quinta-feira, agosto 14, 2014

do sentido


escrevo-te de outro modo, não tenho frase pronta, não rabisquei mil folhas como faço de costume, foi no cru, no seco, no aqui-agora, tais palavras talvez saiam de forma desordenada, talvez não haja um sentido, pode ser que você ai do outro lado diga que é só mais uma viagem, o que não deixa de ser. Eu viajei. Viajei depois de horas olhando o céu pela brecha da porta, saí e olhei o céu da varanda, senti o vento e vi pássaros, prédios, penso como é bom estar vivo, mas como tem me doido viver. Não, não é um processo depressivo. E enquanto vocês confabulam  sobre minha saúde eu penso como é bom ver, vejo aquilo que não é possível tocar, ter, apenas sinto, sinto muito. Enxergo para além do que é palpável, objeto, do que é subjetivo. Fecho os olhos e num pequeno espaço de tempo ouço sons que alimentam um sentimento aqui dentro, o de saudade,  os abraços que não sinto, os beijos que não ganho, a falta das pessoas que se foram, a distancia daquelas que tenho tão perto, o medo do por vir. Angústia, sufoco, dor no  peito, falta de ar, cansaço. No mais sou uma granada, que ao explodir atingirei todos a minha volta, o mais triste é alertar-los e não servir, é tentar afastá-los e sentir culpa, uma teimosia que me devasta. Esteja só e mesmo assim você terá alguém, eles não desistem, eles querem, eles insistem.

Deixem-me voar sob esse céu de mil cores, pois meu único desejo agora é ser pássaro,
voar sobre o tempo,
sobre a historia,
apenas voar,
sem pouso,
sem porto,
só voar,
sem nada a dizer,
ouçam o meu silencio onde muito é dito.

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