quinta-feira, julho 24, 2014

do outro lado, ali


Falou-me com um tom de saudade, daquele jeito que emociona o outro ao falar, rimos das mesmas piadas, trocamos palavras, falamos em falta. Entre respiro e soluço, o silêncio, heis que penso teus olhos verde mar, olhos de tudo que me cala, envolve e me ganha. Basta um sussurro e eu me rendo aos seus encantos, abro mão de idas e vindas e pensamentos ruins. Ali, do outro lado a sua voz não me parece distante e num súbito pensamento questiono ao tempo o "como" que coube dentro do esquecer. Houve que a vida nos embaralhou, perdemos-nos e agora eu te encontrei no caminho, daí adiante do teu orgulho fiz fogo,  com teu desejo reguei meu amor e tu rogou ao destino, eu. Cai no teu jogo, cantei-te a saudade e jurei em voz que aonde fores eu caberei em teu amor, mas tua voz que fraquejou instantaneamente revelou o medo, medo de que a ponte construída mais uma vez ao precipício possa te levar. 

segunda-feira, julho 14, 2014

amanheça em mim, noite.



A luz adormece e sobram- se os sinos, as sirenes, o canto dos aflitos. 
A calada da noite e eu calada, noite.
Noite é começo ou fim?
Finda o dia e nessa hora tudo em mim revive,
vive em mim as noites, noites de outrora, 
hora de dormir,
não há sono, só sede,
sede de conversa ao telefone, pé do ouvido, o encontro dos olhos  e a vista dos lábios, proximidade. 
Um sonho,
teu ombro, meus olhos fechados e um som, 
som que ao ouvido dos aflitos na noite, seria um acalanto,
o amanhecer.